Foto: Acervo Pessoal

Turfe origina-se de “turf”, que nomeava as primeiras competições de corrida na Inglaterra, já hoje utiliza-se apenas coloquialmente.

Cavalos designados ao turfe tem a vida toda planejada, desde antes de seu nascimento. Haras especializados elaboram estudos genéticos para bons cruzamentos. Após isso, a gestação e o desenvolvimento do potro são acompanhados, até que esteja na idade de ir a leilão, ou ao novo proprietário, se era reservado.

Posteriormente, este cavalo é enviado às vilas hípicas, localizadas nos hipódromos, onde é adestrado, treinado e adaptado as exigências do turfe. Cada animal tem uma cocheira e por ele é responsável um treinador, que conta com toda infraestrutura física e de pessoal (ferreiros, veterinários, tosadores, fornecedores de ração) para preparar o cavalo para as corridas. Por fim é montado por um jóquei que o exercita diariamente.

Os puros sangues correm desde os dois anos até, excepcionalmente os dez. Pesam de 380 a 550 quilos, e os bons corredores não são muito grandes nem muito pequenos em tamanho. Carregam de 50 a 60 quilos em corrida, sendo o jóquei e os equipamentos.

Quando se aposentam das corridas, geralmente tornam-se reprodutores, tanto machos como fêmeas.

Todos os cavalos, antes de participarem das corridas passam por revisão veterinária completa e também por exame anti-doping.

O turfe no Brasil:

Por ser um esporte muito praticado, e que possui apostas, no Brasil é regido por lei federal.>

Uma competição de turfe possui várias corridas, com intervalos entre elas para a realização das apostas. É organizado semanalmente, com calendário oficial, onde elegem vários páreos (corridas), em que competem somente puros sangues, em hipódromos, que são administrados pelos Jockeys Clubs.

Nas corridas de pista fechada, são as mais famosas:

  • Rio de Janeiro: Jockey Club Brasileiro/ Hipódromo da Gávea
  • São Paulo: Jockey Club de São Paulo/ Hipódromo de Cidade Jardim
  • Porto Alegre: Jockey Club do Rio Grande do Sul / Hipódromo do Cristal
  • Curitiba: Jockey Club do Paraná / Hipódromo do Tarumã.

Existem ainda entidades que promovem apenas páreos em pistas retas, e estas não utilizam somente puros sangues, como também quartos de milha, pela velocidade. Duas destas entidades são:

  • Sorocaba: Jockey Club de Sorocaba/ Hipódromo da Gávea
  • São Paulo: Carazinho/Jockey Club Carazinhense

Regras da corrida:

As corridas ou páreos dividem-se em dois tipos, um chamado de “comum”, onde a seleção é realizada pela idade e número de vitórias do animal, e outro chamado de “ clássico”, concentrando as principais provas, chamadas de “Grandes Prêmios”.

O local/a pista:

São realizadas em hipódromos, com várias pistas de corrida de areia ou grama, e alguns pavilhões utilizados para comércio, divulgação e “acampamentos”. As pistas podem ser fechadas tendo curvas e retas, ou pistas totalmente retas. As fechadas geralmente tem o perímetro oval, envolvendo uma área central gramada chamada de bacia e um percurso medindo de 1500 a 4000 metros, podendo conter obstáculos em corridas especiais (não é o caso no Brasil). Já as pistas retas são frequentes em áreas rurais e seu percurso geralmente é de 300 a 500 metros.

Habitualmente, a metragem é dividida da seguinte forma: 1000 metros para os cavalos mais velozes (sprinters), 1600 sendo metros=milhas (milheiros), e 2400 metros para competidores mais resistentes (fundistas). Vale lembrar que cada cavalo de corrida atinge uma velocidade acima de 60 km/h.

A largada:

Por envolver apostas, e muitas delas altíssimas, tudo é preocupante nos turfes, principalmente a largada, pois sempre existe a possibilidade de acidentes ou retardo de algum cavalo. O responsável pela largada é conhecido como “starter”, que aciona um mecanismo para “liberar” os animais na pista. Os cavalos ficam em espaços com uma porta na frente e outra atrás, e na hora do “starting gate” ou “box” (nomes utilizados no turfe para referir-se a hora da largada) elas são abertas simultaneamente.

Geralmente jóqueis montam os cavalos, mas também existem modalidades em que os animais correm atrelados a charretes (não é comum no Brasil). Os hipódromos na Inglaterra são montados de forma que o animal corra sempre no sentido horário, conhecido como “english style”, já no Brasil, bem como nos Estados Unidos, utiliza-se o sentido anti-horário, popularmente chamado de “american style”.

Tipos de aposta:

O nome popular dado ao bilhete de apostas é pule ou poule. As mais utilizadas (existem inúmeros tipos de apostas em cada corrida) nomeiam-se por Vencedor ou ponta, que é a aposta direta no animal vencedor. Placê, aposta válida se o animal apostado chegar em primeiro ou segundo lugar. Dupla, em que o apostador seleciona dois cavalos e independente da ordem, um deve chegar em primeiro e o outro em segundo. Exata ou dupla-exata, parecida com a Dupla, onde selecionam-se dois animais para primeiro e segundo lugar, porém deve-se acertar a ordem em que chegarão. A Trifeta, em que apostam-se nos três primeiros colocados em ordem correta, podendo fazer apostas simples (um animal primeiro, outro em segundo e um terceiro) ou combinadas (quantas inversões desejar). E a Quadrifeta, tal como a Trifeta, apenas ao invés de três animais apostados, utilizam-se quatro.

Existem ainda os remates e as paradas como apostas, o primeiro muito utilizado no meio rural, significa que é leiloado o direito de apostar em cada competidor, formal ou informalmente. Já as paradas são o contrato verbal entre duas ou mais pessoas, em que cada uma escolhe um ou mais competidores e em geral é uma aposta não formal.

Mas é claro que não é somente quem aposta que lucra com as competições, em separado, existem premiações em dinheiro e também, ás vezes, em troféus, para os proprietários dos vencedores e dos mais bem colocados, para os jóqueis, e até para os criadores e treinadores.

A prática do turfe é geralmente uma atividade exercida por classes sociais altas, pois exige custos altos com sua manutenção, porém as apostas são realizadas por turfistas de todas as classes, já que podem ser em pequenas quantias também. Além de esporte e divertimento, o turfe gera atividade econômica e social, por isso é tão importante em diversos países.