Jappeloup Luze foi um cavalo atípico para saltar de obstáculos, com 1.58 de cernelha, altura relativamente baixa para competir nessa modalidade. Sua origem não dizia nada, pois era filho de Tyrol um trotador medíocre e de uma égua P.S.I sem qualificação. De temperamento nervoso,impetuoso por natureza, difícil de conduzir, mas com uma capacidade de saltar notável. Seu cavaleiro Pierre Durand abandonou uma promissora carreira jurídica e com o apoio do seu pai se jogou em sua verdadeira paixão, o hipismo. Ele apostou tudo num pequeno cavalo de pelagem negra em quem ninguém tinha fé. E juntos foram campeões olímpicos, mundiais, europeus e da França.
Este é considerado uns dos cavalos de salto mais bem sucedidos de todos os tempo, sua estátua está nos jardins do museu Olímpico do COI na Suíça.
O caminho não foi fácil. Existiram momentos de desalento, mas também os encantos das vitórias que permitiram um conhecimento melhor entre ambos. O conjunto Pierre Durand/Jappeloup integraram a equipe de saltos da França nos jogos Olímpicos de Los Angeles de 1984. Nesta Olimpíada, os americanos foram muito astutos, armando pistas de forma pouco usual em que favoreciam seus cavalos mais ágeis em detrimento dos cavalos europeus de maus potência.
Nessa disputa Durand e Jappeloup ficaram no distante 14° lugar. A imprensa francesa classificou a participação como sendo uma “catástrofe nacional”. O pior não havia sido a derrota, mas o ridículo de Jappeloup, desnorteado por um percurso que ele não conseguia entender, haver atirado Pierre Durand dentro d’água e disparado pela pista em busca de uma saída (foto1).
Após essa humilhação, Durand, que conhecia seu cavalo como um pianista conhece a sua partitura, inicia um trabalho em dois planos: no mental: se preparando psicologicamente para superar o erro cometido e no técnico sendo orientado pelo brasileiro Nelson Pessoa que, o aconselhou a montar com um pouco mais de harmonia, visando uma melhor eficácia e evitando as intervenções fortes.
A reabilitação ocorre nas Olimpíadas de Seul de 1988 (foto2) quando o conjunto atingiu a perfeição. O público assistiu admirado a demonstração de cumplicidade entre cavaleio e cavalo que foi de tal ordem que nenhuma dificuldade foi encontrada e ambos formavam um conjunto harmonioso. Ao olhar os obstáculos, os se conseguia ver um par de orelhas, parecia impossível que esse pequeno cavalo pudesse transpor. De repente, surgia a sua forma planando sobre um obstáculo e em seguida partia célere em direção a outro. Em consequência a medalha de Ouro foi conquistada.
Jappeloup teve uma marcante aposentadoria em cerimônia ao pé da Torre Eiffel, ocasião que Pierre Durand falou :
“Com Jappeloup alcancei numerosas vitórias durante 10 anos. Aprendi a respeitá-lo, fiz muito mais que isso, o estimei como melhor e mais fiel amigo. Uma união tão nobre e próxima que acabamos por vencer os medos e as dúvidas”
Jappeloup viveu 16 anos e morreu em 1991 de ataque cardíaco em sua báia. O filme contando a história foi visto recentemente na França por 1,6 milhões de espectadores nas primeiras quatros semanas.
Artigo escrito por Deolir Dall’Onder para a Revista Acontece sul, ano XII Número 120.